O Rio de Janeiro na Literatura

Aluísio de Azevedo, O Cortiço
Aluísio de Azevedo, O Cortiço

"E o fato é que aqueles tres casinhas, tão engenhosamente construídas, foram o ponto de partida do grande cortiço da São Româo.

-Estalagem de São Romao. Alugam-se casinhas e tinas para lavadeiras-”



 

 

Carlos Drumond de Andrade, Fala Amendoeira
Carlos Drumond de Andrade, Fala Amendoeira

"Mas o que tornaria o Arpoador infrangível na lembrança dos que o frenquentam era a teoria de corpos jovens a desfilar em suas areias, no cenário de uma eflorescência sempre cambiante, com a água, a nuvem e o som surdo se atando e desatatando continuamente."

Carlos Drumond de Andrade, Fala Amendoeira
Carlos Drumond de Andrade, Fala Amendoeira

"Assistindo a um desfile de escolas de samba, espectáculo maravilhoso de ritmo, som e colorido, X teve a sensação de dissolver-se na multidão, e por duas horas não existiu em si, mas no grupo."

Ele Semog, As calçadas da Lapa
Ele Semog, As calçadas da Lapa

"Tem dias que olho / os negros espalhados /pelas
calçadas da Lapa / (Sou
eu? Sou eu?) / bêbados, fétidos, / com os culhões
vazando /pelas calças
rasgadas... / (ai de ti Zumbi! Ai de ti Zumbi!)"

Ele Semog, Cadernos Negros
Ele Semog, Cadernos Negros

"Disfarçando na vida

 Perdi mais da metade

 De meus mitos"

Brasilien, Land des Fussballs
Martin Curi, Brasilien, Land des Fussballs

"Im ersten Fussballjahrzent gab es noch keine kostengünstigen
Stehplätze, und so beobachteten weniger gut situierte Fans die Partien von den
Hügeln und Dächern rund um die Stadien."

Joao do Rio, D. Joaquina
Joao do Rio, D. Joaquina

"Para baixo, os jardins sucessivos da praça até ao cais, sob o permanente espasmo de um estendal de lâmpadas elétricas - tantas que na poeira azul da luz os transeuntes se destacavam ao longe como vistos por um binóculo de teatro."

Joâo do Rio, A mais estranha molestia
Joâo do Rio, A mais estranha molestia

"A hora da noite nas cidades. Nas calçadas uma dupla fila de transeuntes sempre a renovar-se, o cinema colossal de homens das classes mais diversas, operários e dândis, funcionários públicos e comerciantes..."

Lima Baretto, Triste fim de Policarpo Quaresma
Lima Baretto, Triste fim de Policarpo Quaresma

"Oito horas da manhã. A cerração ainda envolve tudo. O mar está silencioso: há grandes intervalos entre o seu fraco marulho. Vê-se da praia um pequeno trecho, sujo, coberto de algas, e o odor da maresia parece mais forte com a neblina. Para a esquerda e para a direita, é o desconhecido, o Mistério. Entretanto, aquela pasta espessa, de uma claridade difusa, está povoada de ruídos."

Lima Baretto, O triste fim de Poliquarpo Quaresma
Lima Baretto, O triste fim de Poliquarpo Quaresma

"... e o domingo aparecia assim decorado com a simplicidade dos humildes, com a riqueza dos pobres..."

Lima Baretto, O cemitério dos Vivos
Lima Baretto, O cemitério dos Vivos

"O lugar era cômodo e agradável. Dava para a enseada, e se avistava doutra banda Niterói e os navios livres que se iam pelo mar em fora, orgulhosos de sua
liberdade, mesmo quando tangidos pelos temporais. Às vezes, lendo, eu me punha a vê-los, com inveja e muita dor na alma. Eu estava preso, via-os por entre as grades e sempre sonhei ir por aí afora, ver terras, coisas e gentes..."

Machado de Assis, Dom Casmurro
Machado de Assis, Dom Casmurro

"Quando não estávamos com a família ou com amigos, ou se não íamos
a algum espetáculo ou serão particular (e estes eram raros) passávamos as
noites à
nossa janela da Glória, mirando o mar e o céu, a sombra das montanhas e dos navios, ou a gente que passava na praia."

Patricia Mello, Inferno
Patricia Mello, Inferno

"Mostre a sua arma, pediram, adoravam ver metralhadoras, as crianças do Berimbau. Miltão as habituara a isso. Sempre distribuia balas Rin Tin Tin, o traficante, e as divertia, mostrando seu arsenal."

Patricia Mello, Inferno
Patricia Mello, Inferno

"Reizinho caminhando. Observando. Mulheres gordas. Na favela, os meninos são muito magros e as adolescentes, gordotas. As mulheres são obesas e os homens ventrudos. É a regra."

Paulo Lins, Cidade de Deus
Paulo Lins, Cidade de Deus

"Os adolescentes utilizavam-se da fama negativa da favela onde haviam morado para intimidar os outros, em caso de briga ou até mesmo nos jogos...Quanto maiora periculosidade da favela de origem, melhor era para impor respeito..."

Paulo Lins, Cidade de Deus
Paulo Lins, Cidade de Deus

"Os novos moradores levaram lixo, latas, cães vira-latas, exus e pomba
giras em guias intocáveis, dias para se ir a luta, soco antigo para ser
descontado, restos de raiva de tiros, noites para velar cadáveres, resquícios de enchentes, biroscas, feiras de quartas-feiras e as de domingos, vermes velhos em barrigas infantis, revólveres, 
orixás enroscados em pescoços, frango de despacho, samba de enredo e sincopado, jogo do bicho, fome, traição, mortes, jesus christos em cordões arrebentados, forró quente para ser dançado..."

Paulo Lins, Desde o Samba é Samba
Paulo Lins, Desde o Samba é Samba

"Desceu a São Cláudio, pegou a Maia Lacerda, chegou ao Bar do Apolo, onde estavam Silva, Bastos, Bide, Edgar, Baiaco e Lopes. Acompanharam em caixa de fosforos, nas garrafas de pinga ou na mesa um novo samba de Silva e Bastos."

Paulo Lins, Desde o Samba é Samba
Paulo Lins, Desde o Samba é Samba

"Numa tarde dessas no  domingo, Silva saiu de casa admirando a beleza de tudo. Tinha a mania de olhar o detalhe mais linda de cada coisa, fosse pessoa, planta, casa recém-feita nas ruas do bairro, a molecada em brincadeiras..."

Noel Rosa, Cidade Mulher
Noel Rosa, Cidade Mulher

"Cidade de sonho e grandeza
Que guarda riqueza
Na terra e no mar

Cidade do céu sempre azulado,
Teu Sol é namorado
Da noite de luar"

Stefan Zweig, Brasil, pais do futuro
Stefan Zweig, Brasil, pais do futuro

"A tudo isso se junta o fato de se transformar a cidade com uma rapidez espantosa, de ano para ano, mesmo de mês para mês. O tempo e o
espaço têm na América outra medida dinâmica. Aqui todas as coisas se
desenvolvem mais rapidamente e, sem dúvida, também envelhecem mais depressa."

Stefan Zweig, Brasil, pais do futuro
Stefan Zweig, Brasil, pais do futuro

"Por toda parte acontece alguma coisa, por toda parte há cor, luz e movimento, nada se repete, nada combina e, não obstante isso, tudo é acorde."

Stefan Zweig, Brasil, pais do futuro
Stefan Zweig, Brasil, pais do futuro

"Oxalá ainda a última hora aparecesse um pintor, a fim de retratar essas ruas, quando elas à noite brilham com luzes verdes, vermelhas, amarelas e brancas e sombras fugitivas, constituindo um espetáculo oriental, misterioso pelos destinos
acorrentados uns aos outros e semelhante ao qual não vi outro em toda minha vida."

Stefan Zweig, Brasil, pais do futuro
Stefan Zweig, Brasil, pais do futuro

"Quanta vida nesses milhares de ruas e quanta vida em início — por toda a parte crianças, crianças de todas as tintas e mesclas, e todo esse tumulto de cores e de
movimentos atenuado por uma afabilidade tranqüila, por uma perfeita harmonia."

Stefan Zweig, Brasil, pais do futuro
Stefan Zweig, Brasil, pais do futuro

"E a partir de novembro, o Rio torna-se uma praia balneária; das ruas próximas do mar as pessoas vão em trajes de banho, uma ou duas vezes por dia, refrescar-se no mar; às cinco horas da manhã, antes de tomarem café ou irem para o trabalho, vão as primeiras pessoas para a praia."